quarta-feira, 27 de julho de 2016

bons ventos
(para maira)

sei que o vento passou
e o vento que volta
jamais é o mesmo
já ouvi dizer até que
existem famílias de vento
e esse que passa agora
me anunciou que
é provável que chova
e eu amanheça nuvem
no teu cabelo
e é quase possível
que partes de mim se dissolvam
e adentrem tua pele
viverei enquanto promessa
que ninguém fez
ou como sonho
que ninguém sonhou
e que no entanto existe
numa fração subterrânea
do teu sono
viverei ali até que o próximo vento
me chame para outras partes de ti.

quarta-feira, 20 de julho de 2016





neblina & cinzas
do dia que escorre
pela sombra das horas
no frio do minuto
no outono de uma vontade.

segunda-feira, 18 de julho de 2016




desejo um céu azul
para toda palavra
que paira solitária
cinza em sobrevoar o mar
lilás em estar no mundo
vermelha em almejar o absoluto
que a racionalidade 
nem sequer permeia.

quinta-feira, 7 de julho de 2016



os ecos que titubeiam
teiam o som do caminho
pelo menos aparentemente
correm com olhos brilhantes
decolam com toques do nunca.



uma ratazana que agoniza
antes da morte
cercada por belas esculturas
sepultura  para quem olha
de dentro
flor para quem morre
por fora
sorriso para  quem torce
bem como um abraço
para quem vive do escarro
das traças.