segunda-feira, 30 de junho de 2014





Banquete Canibalesco

O sangue está posto,
Exposto. Beba-o.
A carnificina
Dos sonhos
Está à mesa.
Aproveite o tempero.
Só não indague
De onde veio.
Mas não se aborreça.
Queria muitíssimo
Vê-lo.
A sua pessoa
E os demais
Convidados foram
Escolhidos à dedo.
Sente-se e ao
Decoro esqueça.
Sirva-se da maneira
Como queira.
Coma e beba
De tudo que
Dar-lhe na
Telha.
Repita se assim
O quiser.
Entretanto
Guarde espaço
Para a sobremesa.
Uma iguaria
De artérias e encéfalo
Retirados de corpos
Atropelados hoje cedo.

Ainda estão frescos.
Sinta só o cheiro.
Uma beleza canibalesca.



quinta-feira, 26 de junho de 2014




um conluio orquestrado na penumbra. Lograr planejam. Pacto entre seres infames que se mancomunam. Não importa quão miserável e excruciante seja. O dolo, vício comum. Fio tênue entre a apoteose e o caos idílico. O instinto é o que perpassa neles e convida-os ao erro, e a promiscuidade do viver funéreo, o que mais os excita.

quinta-feira, 19 de junho de 2014







                                                 O contorcer
Da  linguagem
Divaga o empecilho,
Camufla o ar,
Estonteia a evasiva,
Enterra-se no mar;
Volta à superfície,
Deságua sobre o luar,
Calunia o livre arbítrio,
Faz pasmar;
Molda o impensado,
Cauteriza o encoberto,
Transfigura a palavra,
Desafoga o deserto.

segunda-feira, 16 de junho de 2014





                                                             Performática paisagem discursiva
                                                             E concreta do etéreo olhar
    Iconoclastia lírica e endêmica
Da leveza lúdica e estética
   Com a embriaguez linguística
         Do urbano e híbrido “tornar-se”.

segunda-feira, 9 de junho de 2014




                                                           Sem forma e opaco
                                                          O devaneio  de quem procura
                                                          O acaso do que se foi
                                                          O agora de quem flutua.

terça-feira, 3 de junho de 2014







O desespero do vento ao relento gritando pedras e cuspindo flores; exalando rochas e salivando conchas... Incauta maré que sangra no olhar salino. Outono escama nostalgia. Eis os moinhos girando em movimentos impróprios. Joelhos cálidos, imersos na espuma terna da maré que reflete o orgasmo, tornando-o ausente, contraproducente num percalço infindo que degusta e regurgita o vazio contínuo, a fé morta em pomares de absinto. Descalabro escafandrista do "indizer" internalizado no olfato, insipidamente calejado, e incrustado na superfície do amanhecer incógnito, indelevelmente anárquico. Nuvens de asfalto mal podado, cinzas subvertidas no abismo do escárnio; ócio deformado em aflição; conversão do dia em noite em ácidas e alomórficas alusões.

(Sidney Machado e Fernando Rodrigues)


Obs.: Texto em sua primeira versão, sem revisão.