segunda-feira, 16 de abril de 2018



o ponto mais frágil de um poema

ninguém é obrigado a produzir
provas contra si. mas
no início era só interesse.
depois virou amizade e sexo,
idas e vindas de barca,
encontros casuais.

com o passar do tempo
vieram coisas em comum:
música, livros, filmes
e mais sexo.
exceto cachaça e cerveja.
e vinho.
só eu que sempre bebo.

com o passar do tempo
em me permiti mais,
você se entregou a seu modo,
eu escrevi alguns poemas,
aprendi a não me acobertar
em meu orfanato
de pequenos blefes
e meias verdades.
sentimento não é um jogo
de cartas marcadas.
até porque
“a poesia sopra onde quer”.
a gente começa numa linha
nada linear,
circula e não sabe onde
vai dar. ou porquê chegar;
se é que tem que chegar.
aí vem a hora que a gente
precisa se desmontar
e flertar com o imponderável.
e até com o silêncio.
ou mesmo  com o ponto
mais frágil de um poema
e suas incertezas.

quarta-feira, 4 de abril de 2018




gostaria que você não ficasse com uma impressão errada sobre mim.
não acho justo da minha parte te trazer complicações por conta
dessa minha confusão,
e até agora eu não estava sabendo direito o que fazer.
muitas vezes você me disse que não queria se envolver
com uma pessoa confusa, 
e também que de forma alguma
eu deveria esconder coisas de você.
dado o que algumas vezes conversamos 
“ de falar tudo um para o outro”,
achei importante te dizer.
tenho muitas coisas suas aqui 
e tenho que te devolver.
você não precisa me encher de justificativas.
agora está tudo muito confuso e cheio na gente,
acho que não é uma logística favorável pra gente se encontrar.
eu sou um pouco impaciente para certos diálogos 
e acho que você
já me disse o que precisava ser dito.




talvez você esteja 
em sua cidade natal,
no interior da alemanha,
perto da fronteira com a frança,
pensando nas duas semanas;
aquelas duas semanas...
já se passaram três anos.
"abra aquele depósito
de informações inúteis, 
o dicionário. "
"não há nada especial sobre essa
organização de letras. damos às
palavras o valor que escolhemos."
"os corredores estão apinhados
de cadáveres, 
economicamente reunidos,
como em apartamentos japoneses. 
e todos nós respirando e nos
movendo..."
eu sabia exatamente o dia
em que você chegaria na frança,
onde passaria um semestre.
depois voltaria para a alemanha 
e seguiria sua vida.
e aquela vez que te parei
no meio da rua
talvez não tenha sido a última.

segunda-feira, 2 de abril de 2018




relativizar tudo em poesia
não cabe em poesia.
falar e falar e falar
e não concretizar o que se fala
no poema, ainda que palidamente,
não serve pra poesia.
se a sua poética é pífia
e mesmo assim você quer
problematizar sobre o poema,
saiba de antemão
que a sua pessoa
não serve pra poesia. 
vai fazer outra coisa.
se até agora você
não entendeu que a poesia
está acima de qualquer galerinha,
você não serve pra poesia. 
cria um grupo emo.
não use a poesia como muleta.