terça-feira, 29 de dezembro de 2015



fraternidade dos sentidos

gosto e língua.
cheiro e perfume
ao acariciar o que não
se pode alcançar
com os dedos.
faminta vontade
de deixar a fala
por desmembrar metáforas
ao penetrar
o cheiro e o gosto
de olhares alheios.


quinta-feira, 17 de dezembro de 2015



a um casal na praça

com o inferno na pele
e o paraíso no toque.
a dois
e entre almas despidas
de céus...
bebendo o vento
e nascendo a cada dia
por algo maior
que se desprende do mar.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2015



a um jovem sentado num bar
que olha as pessoas que passam na rua

a rua limita todos os passos
os passos pisam todos os dias
os dias nascem e morrem
entre um copo e outro de café
ou cerveja no botequim.
os sonhos permanecem os mesmos.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015



insônia e silêncio
(para fernanda tatagiba)

o ar nunca esteve tão carregado
de insônia e  silêncio.
tão pesado e ao mesmo tempo
tão órfão de partos
e abortos e ausência.
a natureza morta
de conversas soltas na praça
e liberadas na alvorada do leito.
a vida volta a ser apenas vida
e promessa.
é tudo sutil e nos atravessa
num piscar de olhos.

terça-feira, 1 de dezembro de 2015



um poema para
a cidade de salvador

arte sussurrada
semeia os olhos,
haste de flor.
cores primárias
abrem
brechas nos sons.