segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

                                 


                                              Mar do esquecimento

No mar da dor
Do esquecimento,
Sombria atmosfera
De subtraídas vidas
No tempo.
Indegustável crônica
Anunciada pela
Inalável ingratidão
De um tecido social
Irrefutavelmente conformado
E sem engajamento.
                                               


                                      Julgamento nu

Para julgar, despir-se é essencial..
Despir-se do ego, do orgulho e da vaidade.
Só estando despudoradamente nu
 Dessas três roupagens,
É nobre julgar.
Caso contrário,
O mais coerente e humilde
É não se pronunciar.

sábado, 28 de dezembro de 2013

                                               


                                               Obstrução imagética

Por incongruentes imagens
Soterrado,
Obstrução por naufragadas abstrações
Sem tato,
À espera de uma
Imagética catarse
Que, interiormente,
Jamais se realiza de fato.

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

                                          
               
                                        Desfacelamento

Roubadas flores,
Inodoros amores.
Derradeiras pétalas concebidas
No efêmero da ilusão.
Gélidas quimeras;
Algozes guias
Do desabrochar até as trevas.
Marmóreas lágrimas
De um subterrâneo coração
Que não chora,
E por vermes petrificado
No abismo da prisioneira
E ensanguentada memória. 

sábado, 21 de dezembro de 2013

                    Alguém

Na atualidade, o dinheiro se confirmou
Como o verdadeiro “termômetro” das relações humanas,
Desde aquelas mais complexas
Até as simples e cotidianas.

Se o sujeito não o tem,
Nas relações ele passa a ser tratado
Como ‘ninguém’,
Um ‘estranho’ que dentro da sua própria família
E  ciclo de amigos e conhecidos só recebe desdém,
E escutando a velha história que
“É  preciso se tornar alguém’,
Quando na verdade ‘todo mundo’ é alguém,
Independentemente de não ter nenhum ‘vintém’.

Isso ocorre porque, na maioria das vezes,
A  relevância que é  dada a uma  pessoa
É medida a partir do dinheiro que ela tem,
Mas isto não interfere no fato de ela já ser alguém,
Pois  para ser alguém, basta existir.

Para existir, tem que ser alguém.

                (Sidney Machado)

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

              

                     O cronista        

Assim como no início da fotografia,
Quando se acreditava que a máquina fotográfica
Tinha o poder de capturar a alma das pessoas
Através da imagem estática-- a foto--,
O cronista é aquele que consegue capturar
O momento, as emoções, as situações,
Os gestos, enfim, o cotidiano, através das palavras.

               (Sidney Machado)







   Aprendendo em Nietzsche      

A beleza da vida consiste em quê?
Em simplesmente viver e deixar viver,
Independentemente de a existência
Não ser ou conter
O que queríamos ver ou ter.
Estas observações se aproximam muito
Do que Nietzsche realmente quis dizer.
Mas segundo o próprio Nietzsche,
O que é viver?
“Viver é repelir constantemente
Para longe de nós
Tudo aquilo que deseja morrer.”
Mas quais aspectos da psique
Que a isso nos induz a retroceder?
A falta de objetivos profundos
E a carência de uma boa visão de mundo
É o que Nietzsche provavelmente
Queria que nós viéssemos a compreender.
Só assim poderemos nos tornar a nós mesmos,
Sendo e vivendo aquilo que estamos  predestinados a ser:

“Espíritos livres”.

                   (Sidney Machado)


Tributo a Shakespeare       

E ordenaram os deuses     
Do teatro elisabetano         
Com voz de trovão:              
Que se faça Shakespeare.     
E a dramaturgia se fez Shakespeare. 

Quem na contemporaneidade
Não ouviu falar sobre Otelo ou Hamlet?
Que autor, de qualquer gênero literário,
Não queria  criar algum Macbeth?

E Romeu e Julieta,           
Onde que estão?               
E os Ricardos e Henriques,

Será que virão?     

 (Sidney Machado)


Tributo a Machado de Assis     

Machado de Assis, com certeza,     
Indubitavelmente,                           
Foi um exímio crítico da personalidade;
Um grande escritor e inovador realista brasileiro,
uma genialidade.

Portanto, se o que ele                    
E a “ABL”plantaram                     
For erroneamente apreciado,          
Será uma irreparável desonra       
A esse esplêndido legado.              

E se dessa fonte cultural,              
Se nós, não tivermos bebidos,       
Nosso inestimável Brasil              

Vagará levianamente perdido.        

      (Sidney Machado)
   Em algum lugar de mim mesmo 

Em algum lugar de mim mesmo,
Perdido em labirintos de pensamentos indizíveis,
Querendo deles sair, mas sem meios possíveis,
Trilho caminhos improváveis sem saber que os são.

Sem sonhar, mas resgatando fragmentos da memória,
Com medo de ser, de agir e de estar,
Busco respostas que ideologicamente
Não são as minhas próprias.

Angustiado, confuso e necessitando
Entender minha própria trajetória,
Fico entregue a complexidade de mim mesmo,
Cercado em uma perspectiva completamente inglória.

               (Sidney Machado)


        

         Autoanálise

Eu sou a soma de tudo que vivi
E deixei de viver,
De tudo que questionei,
Procurei, perdi e conquistei;
E de todas as transformações que passei.

Eu sou o resultado disso tudo.
Eu sou o produto
Desse nada, desse tudo;
E da revolta que se esconde ao fundo.


Eu sou isso, a inteligência e a ignorância,
O adulto e a criança,
A firmeza e a inconstância.


                                         (Sidney Machado)
            Pessoas sugestionadas    

Pessoas sugestionadas são mentes massificadas:   
Indivíduos que não têm força ou opinião,        
Nem o hábito de “checar” informação;                  
Compram e vivem conforme o que é mostrado
Na mídia, principalmente na televisão.                 
 São cidadãos que não têm vontade                     
De agir segundo a própria consciência          
E conforme sua plena decisão.                          
Sempre vão buscar e querer                      
O que se mostra mais fácil:                                
Que é o de agir e pensar                                       
De acordo com a multidão                                
Por medo da tão temida exclusão.                   
E por isso mesmo a opinião alheia                 
Sempre será sua maior e invisível prisão;       
E ser massa de manobra                                    

Será sua grande e suprema premiação.     

          (Sidney Machado)            
                   

          O sábio      

O sábio não corre,caminha.
Não discute,filosofa.        
Não se exalta,                   
Enquanto outros se exasperam..
O sábio não deseja ser exemplar,
Embora como exemplo tantos o vejam.
O sábio não se desespera, 
Porque sabe avaliar       
A relatividade das coisas. 
O sábio não busca felicidade nesta vida,
Mas o equilíbrio no viver.
Paz e felicidade? Só no Eterno!  
O sábio não almeja ter tudo;
Mas, o dom de num Ser Maior crer.
                                      O sábio, na realidade,       
                                      Se acha um tolo,             
                                      Enviado pelo sábio Deus, Todo Poderoso.  


                                                  (Sidney Machado)


O que é ser douto?   

 É ser leve                
 Nos problemas;       
 E suave                   
 No pensar.               

Ser forte                
Nas fraquezas;       
E sereno                 
Ao planejar.             

Ser humilde          
Nas palavras;         
E filósofo            
No falar.   

(Sidney Machado)             



Ser  humano: grão de areia

Grão de areia,
Pó ao ar,       
Letra minúscula,
Gota no mar.
Folha ao vento,
Migalha de pão,
Ponto pequeno,
Pedrinha no chão.

Não existe homem forte!!!
Muito menos poderoso!!!
Mas, apesar de tudo,
O ser humano é um teimoso!!!
Tão  frágil, tão  pó;
E  se  julga  um ser  maior.
Mal  sabendo  ele,

Que  é  digno  de  dó.

(Sidney Machado)


Complexos do ego     

Quem sou???             
Por que existo???      
Para onde vou???      
Será que subsisto???    

De onde vim???        
Onde estou???          
O que seguir???        
A quem eu vou???      

O que fazer???         
No que pensar???     
O que querer???        
O que buscar???        

(Sidney Machado)


quarta-feira, 18 de dezembro de 2013


 

O ateu niilista a respeito de Deus

Para quê irei negar a existência
De um Ser que
As ciências já negam?

Ou para quê irei afirmar
Essa existência
Que as religiões tanto professam,
Se não é possível provar
A existência ou não
De um “Deus” na terra?

(Sidney Machado)

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

O  mais  miserável dos homens

Errei, pequei     
Contra o sagrado:
Mexi onde não  
Devia ter tocado. 

Martirizei, pisei
Sem  ter  notado:
Desonrei a  quem por  mim        
Mais  tinha  se  doado.

Calei... pensei...
Chorei  sobre 
Os  meus  atos; 
Aquilo  que  temia
Já  se  faz  concretizado:
Perdi  a  quem,
Verdadeiramente,
Tinha  me  amado.


 (Sidney Machado)
                    

                           Ditadura

Calaram os filósofos e silenciaram os poetas!
Justamente aqueles que por séculos foram nossos ascetas.
Agora quem falará por nós que somos do povo?
Quem nos ensinará a não sermos tão passivos e tolos?

Quem nos removerá da escuridão de tal caverna angustiante?
A hipocrisia totalitária nos enoja de tão farsante.
Quem nos conduzirá ao sonhado e democrático caminho?
Será que estamos entregues a nós mesmos e sozinhos?

Será que estar onde não se quer estar
E viver, nesse estado, é nosso destino?
É tão lamentável ver aqueles que nos oprimem, aparecerem sempre sorrindo!

Resistir e lutar! Os nossos ascetas sempre nos pediram antes de tombar.
É devido a isso que não devemos lamentar:
É preciso lutar! É preciso lutar!


                           
                          (Sidney Machado)


Fragmentos      
                                                                         
Muitos são       
Que vão;         
Poucos são      
Os que ficam:   
As pessoas passam...,
Mas seus fragmentos ficam.

Muitas coisas  
Se vão;           
Poucas coisas  
Nos ficam:      
O impermanente passa...
                                      Mas o eterno fica.   

                                      (Sidney Machado)