segunda-feira, 25 de junho de 2018





uma certa nina

nina se achava feia,
uma adolescente feia,
sem príncipe ou sapo.
talvez devido ao fato
do irmão mais velho
tirar sarro dela
a chamando de bofrancineide,
antiga personagem do jô soares
que queria fazer parte
de um corpo de balé
fosse como fosse.
porém nunca conseguia
por ser gorda.
nina era esbelta, mas
quando se comparava
com a irmã magrela
se via enorme.
e engordou mesmo.
a sorte é que ela
tinha outro irmão
que a entendia,
além de ser gente fina.
ele virou seu ídolo,
o herói de um mundo que ruía.
ela passou a se vestir como ele
e a usar o mesmo perfume,
entre outras coisas.
isso durou vários meses.
sua mãe reclamava por ela
não ter atitude própria
e de assumir a personalidade
do irmão.
nina nem ouvia e continuava.
a ilusão acabou quando ela o viu
usando certo tipo de droga
num carnaval qualquer,
em saquarema.
foi um baque para uma menina
de apenas 14 anos.
por um lado foi bom.
nina entendeu que ninguém
era perfeito
e o referencial só podia estar nela.
e que o irmão era até bacana;
nada além disso.
e o mais velho,
um pé no saco. e pronto.


segunda-feira, 11 de junho de 2018






poema a partir de uma notícia antiga de jornal
              
eles formavam um casal até que bonito.
no entanto, estavam com problemas
no casamento.
decidiram flertar com outras pessoas
na internet. adotaram pseudônimos
e em seus perfis não havia fotos.
por acaso, acabaram trocando mensagens
e se apaixonaram um pelo outro.
resolveram se encontrar,
e descobriram quem eram.
o casal decidiu se matar.

segunda-feira, 4 de junho de 2018






"ver sempre foi tocar"

seu artigo até troca passos
com meu substantivo
já seu verbo destoa
da minha interjeição
seu pronome até poderia
ser um numeral
sua conjunção encerra
o meu mais pleno adjetivo
e sua preposição
é uma extensão
desse advérbio
que eu chamo de vida.