sexta-feira, 11 de julho de 2014



Um monumento à dor, à postura do guardião das lágrimas, agora exauridas nas pétalas esfaceladas na sepultura esquartejada, subdividida em partes metálicas contorcidas e expostas ao litígio sem causa.
O guardião se cala ante a inconstância da fala. A língua é muda para quem não encontra a gênese do despertar das facas. Não há o que se fazer quando as lágrimas expelem a angústia líquida. Libertam-se da prisão os fatos deletérios no anoitecer dos cacos. A piedade não se faz condolente aos fortes, mas aos que dormem sobre a sepultura e não ouvem o seu chamado, sempre velado, uma forma de uivo, convite solene para o outro lado. O “não existir” é sempre suave, objetivo, até menos obscuro em contraponto ao que dizem os oráculos desse mundo. A solidão derradeira já não é refúgio nem subterfúgio.  Na não existência, o mais sensato é optar por aquilo que não é. Ser livre para escolher e não ser livre para criar suas alternativas de escolha é a pior das sortes.

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